quarta-feira, 16 de maio de 2007

Diabetes

Diabetes é uma doença importante mas cujas causas e tipos são muitas vezes desconhecidas. O público em geral na maior parte das vezes a única coisa que sabe é que a cura para os diabetes implica injecções de insulina com frequência… e nem essa informação é totalmente correcta!

Pois bem, começando do princípio. Depois de tomarmos uma refeição, os alimentos são digeridos no estômago e intestino, e degradados nos seus componentes mais simples. Esses componentes são absorvidos pela parede do intestino e transportados pelo sangue para o fígado e eventualmente para todas as células do corpo que deles precisam. Desses componentes é preciso realçar a importância da glucose, um simples açúcar que funciona como um dos principais combustíveis do nosso organismo. A sua oxidação é responsável pela produção da maior parte da energia que o nosso organismo utiliza. Para podermos utilizar glucose, as células têm de ser capazes de transportar glucose para o seu interior e activar os respectivos mecanismos internos. Na ajuda desse processo existe uma hormona chamada insulina que têm um papel essencial. A insulina é uma hormona produzida no pâncreas num conjunto de células chamadas células Beta. Estas células produzem insulina em resposta aos níveis de glucose no sangue. Assim, se depois de uma refeição rica em açúcares o nível de glucose no sangue é bastante elevado, o nível de insulina libertado aumenta também, facilitando a internalização de glucose pelas células e a sua utilização. Deste modo a quantidade de glucose decresce e ao fim de 2 horas já regressou aos seus níveis normais.

Os diabetes desenvolvem-se quando existem problemas neste sistema de regulação, de tal modo que os níveis de glucose no sangue são excessivamente altos. Numa pessoa normal os níveis de glucose são geralmente de 5 mMoles, chegando a atingir à volta de 8mMol após uma refeição. Num diabético, os níveis de glucose são sempre acima dos 10-13 mMol, e mantém-se muito acima deste valor várias horas após uma refeição. O valor de glucose de um diabético no sangue pode chegar aos 30 mMol.

No entanto existem dois tipos de diabetes. Os diabetes de tipo 1 são talvez os mais conhecidos. Este tipo de diabete é caracterizado por se manifestar geralmente em crianças e jovens. O problema neste caso é a inexistência de insulina no sangue. As células Beta do pâncreas, por alguma razão, muitas vezes genética, são incapazes de produzir insulina, pelo que a glucose no sangue é incapaz de entrar nas células que dela precisam. É por isso que o diabetes é muitas vezes descrita como uma situação de fome no meio da abundância- o açúcar que as células precisam está no sangue, disponível. Ainda assim as células sofrem e morrem porque não conseguem ter acesso a essa fonte de energia. Por isso, alguns dos sintomas característicos de diabetes de tipo 1 são a fome excessiva, rápida perda de peso e fadiga. Outros sintomas incluem excessiva excreção de urina, sede e mudanças de visão. Este tipo de diabetes é controlável através de injecções controladas de insulina com frequência e uma dieta pobre em açúcar. Não se deve no entanto pensar que diabéticos são o equivalente a consumidores de droga, toxicodependentes de insulina! A insulina não cria habituação- os diabéticos estão dependentes da insulina apenas porque é literalmente essencial à sua sobrevivência!

Os diabetes de tipo 2 manifestam-se geralmente mais tarde, ainda que com o aumento da obesidade e de problemas alimentares tem sido diagnosticada cada vez mais cedo. Os diabetes de tipo 2 são o tipo mais comum de diabetes, compreendendo cerca de 90% de todos os casos de diabetes. Os sintomas são semelhantes aos de diabetes de tipo 1, mas geralmente mais leves, de tal modo que se a doença for detectada cedo é possível reverter o processo. No entanto, a situação metabólica nos diabetes de tipo 2 são ligeiramente diferentes- as células do pâncreas continuam a produzir insulina, mas as células do corpo simplesmente não respondem à insulina, de tal modo que mesmo com insulina presente já não são capazes de internalizar a glucose ou activar os processos para a sua utilização. Uma das explicações para essa des-sensitização pode estar no facto de uma dieta muito rica em açúcar fazer com que hajam picos de libertação de insulina com demasiada influência.

A diabetes do tipo 2 pode ser controlada de modo mais simples do que diabetes 1. Desde que o diabético altere a sua dieta radicalmente de acordo com as instruções do médico e pratique exercício, situações problemáticas podem ser evitadas.


Não se pense, no entanto, que os diabetes são uma doença menor. As consequências de diabetes não tratadas incluem cegueira, danificação dos nervos, redução da circulação sanguínea, o que pode levar a úlceras nos pés, e mesmo amputação de membros, problemas renais (10-20% dos diabetes morre porque os rins deixam de funcionar). 50% dos diabéticos morre ainda de ataques de coração ou de problemas associados a este órgão. Em geral, o risco de morrer é em média duas vezes maior num diabético no que num indivíduo saudável.

Mas que podemos nós fazer para evitar esta doença? Para evitar diabetes de tipo 1 talvez não seja assim tão fácil, já que tende a surgir de repente, e as vezes causado por exemplo por infecções virais. Diabetes 2, no entanto, a forma mais comum da doença é evitável através de uma alimentação saudável e de exercício físico. Por outro lado, uma simples picada no dedo após uma noite sem comer é o suficiente para testar a doença.

Tendo em conta que a Organização mundial de saúde estima que cerca de mais de 1 milhão de pessoas morreram em 2005 de diabetes, uma pequena mudança de dieta e exercício valem a pena…
Mais informações sobre diabetes:
Associação Protectora dos Diabéticos http://www.apdp.pt/default.asp (em português)

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